MALCOLM X E A ORGANIZACAO PRETA
MonaAsuama
O ano era 1965, malcolm X teve sua casa bombardeada enquanto ele, sua esposa e suas duas crianças pequenas dormiam. Aproximadamente 24 horas após o ataque nosso ancestral estava de pé, ainda sob efeito de medicações, falando a um grande grupo de pessoas. Algo em seu discurso chamou-me muita atenção: Malcolm não ignorou tudo aquilo que lhe constituía naquele momento. Falou da insegurança, de sua posição enquanto pai e marido, de seu corpo preto que estava em dor e do fato de não ter conseguido pensar nas roupas que queimavam enquanto salvava sua família, expondo-se ao frio de - 1°C vestindo apenas pijamas. Compartilhou tudo isso com a irmandade de cabeça erguida, pronto para viver seu cansaço coletivamente enquanto planejava ações.
Isso me traz a nós! Esta semana li um relato de meu mais velho Hamilton Borges sobre as ações que a organização Reaja Ou Será Morta, Reaja Ou Será Morto articulou. O relato trazia elementos importantes para nossa militância, ainda assim, não pude me desprender de um parágrafo específico no qual este grande homem relatava a sua postura. Sua fala e seu silêncio, sua visão e seus sentimentos sobre tudo o que acontecia, não dissociando seu sentir de seu agir- assim como malcoml nos ensinou a fazer. Nossos corpos são atacados em tantas esferas quando a morte pode ser vivenciada, contudo, permanecemos curvados apenas ao que ancestral .
Vivemos um constante dormir e acordar de luta e dor. Mais do que registrado em livros, o genocídio do negro brasileiro é vivido por nós, cravado em nossa carne que pulsa pela angústia de ver mais um dos nossos ser tombado. temos resistido em grandes centros de abate da carne mais barata do mercado, a nossa carne preta. Maria Luiza, João, Miguel, Michael... nossos corpos inocentes muitas vezes não completam a infância. Inseridos num cenário de bombardeio, quanto mais novos somos atingidos, mais os centros brancos de controle da força se fingem de chocados enquanto disfarçam o sangue de suas armas. Nossas crianças pedem bala para adoçar, porém o que temos recebido historicamente é a bala que cala ao que fala. A carne mais barata, mais marcada e mais matada pelo Estado é a carne negra, já cantou a quase centenária Elza Soares.
Articulação é fundamental. Sem ações práticas nossas dores compartilhadas nada podem fazer em prol de nossa libertação. Nosso extermínio não é uma notícia recente, assim como nossa resistência também não é. Malcolm em seu discurso daquele fevereiro de 65 diz com firmeza que histórias de amor e perdão não fazem a branquitude recuar. Ela unicamente recua quando sabe da potência que há nas pessoas pretas organizadas. Não há aqui a necessidade de uma fala formal, que crie barreiras de entendimento entre nós, o nosso fazer é orgânico! Junte-se aos seus, a nível local e global. Organize, articule, planeje e faça! Conte conosco, somos um! Busque nossa história, viva por ela. Nenhum de nós está livre até que todos estejamos.
MonaAsuama
O ano era 1965, malcolm X teve sua casa bombardeada enquanto ele, sua esposa e suas duas crianças pequenas dormiam. Aproximadamente 24 horas após o ataque nosso ancestral estava de pé, ainda sob efeito de medicações, falando a um grande grupo de pessoas. Algo em seu discurso chamou-me muita atenção: Malcolm não ignorou tudo aquilo que lhe constituía naquele momento. Falou da insegurança, de sua posição enquanto pai e marido, de seu corpo preto que estava em dor e do fato de não ter conseguido pensar nas roupas que queimavam enquanto salvava sua família, expondo-se ao frio de - 1°C vestindo apenas pijamas. Compartilhou tudo isso com a irmandade de cabeça erguida, pronto para viver seu cansaço coletivamente enquanto planejava ações.
Isso me traz a nós! Esta semana li um relato de meu mais velho Hamilton Borges sobre as ações que a organização Reaja Ou Será Morta, Reaja Ou Será Morto articulou. O relato trazia elementos importantes para nossa militância, ainda assim, não pude me desprender de um parágrafo específico no qual este grande homem relatava a sua postura. Sua fala e seu silêncio, sua visão e seus sentimentos sobre tudo o que acontecia, não dissociando seu sentir de seu agir- assim como malcoml nos ensinou a fazer. Nossos corpos são atacados em tantas esferas quando a morte pode ser vivenciada, contudo, permanecemos curvados apenas ao que ancestral .
Vivemos um constante dormir e acordar de luta e dor. Mais do que registrado em livros, o genocídio do negro brasileiro é vivido por nós, cravado em nossa carne que pulsa pela angústia de ver mais um dos nossos ser tombado. temos resistido em grandes centros de abate da carne mais barata do mercado, a nossa carne preta. Maria Luiza, João, Miguel, Michael... nossos corpos inocentes muitas vezes não completam a infância. Inseridos num cenário de bombardeio, quanto mais novos somos atingidos, mais os centros brancos de controle da força se fingem de chocados enquanto disfarçam o sangue de suas armas. Nossas crianças pedem bala para adoçar, porém o que temos recebido historicamente é a bala que cala ao que fala. A carne mais barata, mais marcada e mais matada pelo Estado é a carne negra, já cantou a quase centenária Elza Soares.
Articulação é fundamental. Sem ações práticas nossas dores compartilhadas nada podem fazer em prol de nossa libertação. Nosso extermínio não é uma notícia recente, assim como nossa resistência também não é. Malcolm em seu discurso daquele fevereiro de 65 diz com firmeza que histórias de amor e perdão não fazem a branquitude recuar. Ela unicamente recua quando sabe da potência que há nas pessoas pretas organizadas. Não há aqui a necessidade de uma fala formal, que crie barreiras de entendimento entre nós, o nosso fazer é orgânico! Junte-se aos seus, a nível local e global. Organize, articule, planeje e faça! Conte conosco, somos um! Busque nossa história, viva por ela. Nenhum de nós está livre até que todos estejamos.
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