Ir al contenido principal

Garvey 2020 HÁ UM SÉCULO DE NOSSA BANDEIRA

HÁ UM SÉCULO DE NOSSA BANDEIRA

"Um povo sem conhecimento de sua História, sua Origem e sua Cultura é como uma árvore sem raízes."  [H.M. Garvey]

Mona Asuama*

Raízes. Penso na Embondeiro, árvore grandiosa e milenar, também conhecida como Baobá. Sobonfu Somé em O Espírito Da Intimidade descreve a natureza e seus elementos como espíritos. A partir disso, toda a população Dagahra pauta sua relação com o meio, com outro, e com a vida mesmo após ter seu território sagrado repartido pela intervenção ocidental. Terra, água, mineral, fogo e natureza são bases espirituais que moldam as relações na comunidade e conceitos básicos como afetividade, alimentação e o tempo são entendidos por vias filosóficas próprias que baseiam esse viver. Sob esta visão de mundo não há como separar ser humano e natureza. Tudo é ancestral.

        O compromisso com a comunidade é então, o dever de estar sob constante processo de educação que somente se dá de forma coletiva. O entendimento da vida como externa aos ambientes privados é fundamental. Nossa vida na diáspora convenceu-nos que privacidade é algo que devemos priorizar e pelo qual devemos lutar o que está por trás disso é a separação dos nossos corpos nossos propósitos e nossas lutas. O africano em diáspora foi desmobilizado e a partir daí já não sabe mais resolver suas questões coletivamente.

            Não é por acidente que o grande M. M. Garvey faz uma analogia direta entre nós e as árvores. Sem a nutrição necessária e a firmeza de raízes profundas nossa existência é esvaziada. Seus ideais de vida que foram sustentados até a morte são a resposta a muitas de nossas perguntas em momentos de dor como esse que temos vivido. União, Consciência, Autodeterminação, Dignidade e o Amor são o caminho para a organização de nosso povo ao redor do mundo inteiro assim como Terra, Água, Mineral, Fogo e Natureza são as bases de relacionamento dos povos Dagahra.
             A Conferencia Garveísta 2020 foi uma geração de potência mobilizadora. O povo preto reunido é força motriz. Sinto-me fortalecida em perceber que de alguma maneira fiz parte desse movimento histórico de nível global ainda que como ouvinte. O local de ouvinte é importante e necessário, visto que ele garante a transmissão de saberes tradicionais e manutenção de nossa potência política. Mas nem só de escutar vive a juventude africana ao redor do mundo. Caminhos de autonomia são invariavelmente caminhos de muito trabalho e compromisso. Entender o próprio papel na organização de nossas forças é um grande passo para localizar-se social e culturalmente para contribuir para a oxigenação de nossas comunidades. A Conferência desse ano muito me inflamou a dar continuidade a tarefa política de viabilizar o levante de nosso povo junto aos maganza (mais velhos) de minha mukanda (comunidade). Estivemos disponíveis por alguns dias para pensar e articular nosso caminhar na mesma direção e digo sem medo de errar que fui nutrida por tudo que pude aprender.

              Nos enobrece romper a barreira espacial e linguística para pensar coletivamente inspirados pelo Honorável Marcus Garvey e sob as bençãos de nosso grande ancestral  Malcoml x. Gostaria de agradecer imensamente a cada irmã e irmão que nos inflamou nesses dias, especialmente meus mais velhos Mestre Hamilton Borges e  a Dr. Andréia pela explanação tão acertiva acerca da necessidade de construir nossas vias educacionais e a mais velha Valerie Dixon  por sua vitalidade e fertilidade de ideias, sou alimentada por esses corpos africanos em movimento. Además tenho muito a agradecer ao grande irmão Dr. Abuy Nfubea pelas trocas valiosas e por me potencializar me presenteando com a oportunidade de acompanhar esse encontro tão bonito de nossa irmandade. UHURU!

Comentarios

Entradas populares de este blog

LAS DIFERENTES POSTURAS SOBRE LA INDEPENDENCIA Y SEPARACIÓN DE GUINEA ECUATORIAL 1966

Texto editado por: Esasom Mba Bikie Nosotros el pueblo de Guinea Ecuatorial, no consideramos nuestro país pequeño, por eso decimos GRAN PAÍS. Aunque solo hubiera un hombre y una mujer en este país, para nosotros es EL GRAN PAÍS,  DEL GRAN PUEBLO DE LA GUINEA ECUATORIAL. Los guineanos aunque estemos solos, decimos que somos grandes. Por Francisco Macias Nguema Biyogo    VIERNES DÍA 19 DE AGOSTO DE 1966 Don ENRIQUE GORI MOLUBELA (Postura del Presidente de la Asamblea ante la INDEPENDENCIA DE Guinea Ecuatorial) Don Enrique Gori Molubela El 19 de agosto de 1966, día de su llegada, el Subcomité hizo una visita al Presidente de la Asamblea General, Don Enrique Gori Molubela. Asistieron a la reunión algunos otros miembros de la Asamblea. En una declaración de bienvenida, el Sr. Gori Molubela informó al Subcomité de que la totalidad del pueblo de Guinea Ecuatorial deseaba que el Territorio obtuviese la independencia. El problema residía en cómo y cuándo. Por su parte, el Sr. Gori Molub

Acto 32º Aniversario de la Fundacion del Movimiento Panafricanista de España 1986-2016

32º Aniversario de la Fundación del Movimiento Panafricanista de España 1986-2017 PREFACIO Acabar con el Mto. negro -cimarrón - ha sido un objetivo de todos los gobiernos anteriores y posteriores a la democracia en España. Sin embargo, tras 40 años  el MPE,  es hoy la única organización Negra activa en España, nacida en Madrid durante la transición. La verdadera razón de que el Mto. Negro siga  subsistiendo, no esta en su gran cobertura social, sino en su estrategia política, con sus raíces en la experiencia afro de los 70-80.   El  Movimiento-Panafricanista es un espacio  político sociocultural cuya filosofía  se dedica a la búsqueda de la agencia africana-en todas las áreas y sectores de la sociedad. E termino panafricanista   se usa para hacer referencia a los partidos u organizaciones de ideología nacionalista revolucionario negra de la línea garveyistas y afrocentrada, que a su vez son de cimarrones o revolucionarios, sea en forma de comunismo, socialismo o socia

Editorial Dime como hablas y te diré quien eres, qué defiendes y a quien representas. Síntesis del revisionismo lingüístico de la élite negra Mbolo Etofili

  Crisis de la élite negra # 34 Editorial    Dime como hablas y te diré quien eres, qué defiendes y a quien representas.                              Síntesis del  revisionismo lingüístico de la élite negra                          Mbolo Etofili "La negra Mati llegó de "United States" con su vídeo cómico con mucha dinga y mandinga de la nación puertorriqueña y valor educativo para las víctimas del profundo complejo de inferioridad lingüística. ️ L as tendencias hegemónicas de la modernidad llevan a las elites negras del mundo  contemporáneo a homologar un lenguaje falso y falseado con el que en ultima instancia pretenden someter el Garveyismo. Es un lenguaje por tanto una lógica profundamente colonial que les aleja del palenque, de Haití y por tanto de Africa. Fanon fue muy claro en esto. Solo venceremos si identificamos estos discursos que pretenden imponerse en nuestras familias y comunidades negras.   Solo venceremos esta batalla de las ideas por la narrativa, reinte