Ir al contenido principal

EDUCAÇÃO, CONCIÊNCIA E AUTONOMIA NEGRA

EDUCAÇÃO, CONCIÊNCIA E AUTONOMIA NEGRA 

Mona Asuama*

       Vivemos a  hora de questionar a suposta história única que a escola de moldes colonizadores tem imposto sobre nós.  É o momento de construir e aplicar outros modelos, apresentando resultados pra nosso povo.  Compartilho pensamentos sobre educação na intenção da construção de vias práticas de fazer educacional emancipatório baseado em filosofias nossas, práticas de aplicação pedagogicas nossas. Autonomia econômica e de pensamento. 
      Somos essencialmente corpos africanos em movimento. Como seres plurais, precisamos ser tocados e curados em todos os aspectos de nossa existência. É preciso reconstituir nossa subjetividade, corporeidade, musicalidade, reconectar-nos com nossos antepassados e o culto a nosso sagrado no refazer de nossa espiritualidade. 
      Entendemos que longe de nosso centro epistemológico não há possibilidade verdadeira de emancipação. Por isso, nutridos pelos ensinamentos do Honorável Marcus Garvey compartilhamos intenções, planos e caminhos coletivos através de livros, representações artísticas diversas, organizações políticas  e acessoria a nossa irmandade mais vulnerável.
      Sobre o alcance da música, eu acredito que exaltar nossa criação musical como formadora de subjetividade é muito importante pela herança ancestral de resistência, de sensibilidade e criação. A música pode causar grandes tomadas de consciência, como caminho cultural/político/espiritual tudo entrosado porque nossos caminhos ancestrais nos ensinaram a ser assim.
      A música é um instrumento de comunicação ancestral. Costumo dizer que ela tem um potencial energético que me alimenta principalmente sob a perspectiva espiritual ao tocar das Jingoma (atabaques sacralizados) e dos Tumbondo, tocadores que despertam a materialização de nossas energias sagradas.
     Como africana no Brasil, todos os dias me pergunto "o que eu fiz hoje pra promover a nossa autonomia?" Precisamos de impacto! Somos um grande povo e em nossa unidade cultural africana há a potência da música. Nossos povos transformam o espaço e comunicam-se entre si politicamente através da música. Muitas vezes a mensagem de união dos povos africanos chega musicalmente a lugares que não chegariam de outra forma. 
        Nossa gente tem que trabalhar em direção a autonomia. E uma parte fundamental  pra dialogar sobre isso é uma  educação pluriversal e afroperspectivas educacionais. Educação africanocentrada. Tento em todos os diálogos que travo, apontar a necessidade de construir vias nossas de construção de conhecimento e preservação de saberes ancestrais. Construir vias práticas, concretas!
       Em todo tempo temos que falar sobre isso, almejar, traçar planos, dar passos curtos, expandir os diálogos com africanos pelo mundo inteiro criando redes e um caminho que nossa geração possa exercer.
      Atualmente estou envolvida em um projeto que muito tem me inspirado. Como mencionei, sou muzenza em uma casa de candomblé de tradição Bantu. Nossa família ancestral tem uma história de quase um século. Dentro desse período de tempo, vários processos educacionais foram transmitidos de geração em geração. Eu não fui criança nesse espaço, mas sou adulta nesse espaço e ele me educa em larga escala. Espaço esse onde as crianças podem vir a assumir lugar de responsabilidade e cuidado - a depender de seu chamado - independente da idade biológica, visto que o Continente Mãe entende a infância a partir de bases filosóficas e culturais distintas do ocidente.
    Inspirada por nossos antepassados e por nossos irmãos e irmãs mobilizados em instituições de ensino independentes como a Escola Winnie Mandela, Escola Quilombista Dandara de Palmares entre outras, estou escrevendo impressões, caminhos e objetivos a alcançar na área da educação e trilhando coletivamente os passos necessários para continuar fazendo desses planos uma realidade, não deixando de lado as vias de proteção institucional.
   Escrevi alguns poucos trechos, estou estudando ainda. Estarei em casa Revisitando Marcus Garvey nos próximos dias de quarentena. É possível, é palpável e é nossa prioridade política contruir fazeres educacionais na diáspora que nos possibilitem o controle de narrativa e acolhimento de toda nossa subjetividade a partir de nossa reconstrução epistemológica.
       "Lo que decimos comemos o pensamos crea epistemología" isso muito me inspirou por me fazer  pensar acerca da necessidade e urgência em escreve sobre epistemicídio e "educação formal". Acho importante ainda discutir o que está dado como educação formal para assim se localizar melhor e registrar  discussões sobre educação tradicional. 


* Muzenza, filha de uma comunidade tradicional Bantu chamada Kupapa Unsaba. Professora brasilera da educação básica na educação pública.*

Comentarios

Entradas populares de este blog

LAS DIFERENTES POSTURAS SOBRE LA INDEPENDENCIA Y SEPARACIÓN DE GUINEA ECUATORIAL 1966

Texto editado por: Esasom Mba Bikie Nosotros el pueblo de Guinea Ecuatorial, no consideramos nuestro país pequeño, por eso decimos GRAN PAÍS. Aunque solo hubiera un hombre y una mujer en este país, para nosotros es EL GRAN PAÍS,  DEL GRAN PUEBLO DE LA GUINEA ECUATORIAL. Los guineanos aunque estemos solos, decimos que somos grandes. Por Francisco Macias Nguema Biyogo    VIERNES DÍA 19 DE AGOSTO DE 1966 Don ENRIQUE GORI MOLUBELA (Postura del Presidente de la Asamblea ante la INDEPENDENCIA DE Guinea Ecuatorial) Don Enrique Gori Molubela El 19 de agosto de 1966, día de su llegada, el Subcomité hizo una visita al Presidente de la Asamblea General, Don Enrique Gori Molubela. Asistieron a la reunión algunos otros miembros de la Asamblea. En una declaración de bienvenida, el Sr. Gori Molubela informó al Subcomité de que la totalidad del pueblo de Guinea Ecuatorial deseaba que el Territorio obtuviese la independencia. El problema residía en cómo y cuándo. Por su parte, el Sr. Gori Molub

Acto 32º Aniversario de la Fundacion del Movimiento Panafricanista de España 1986-2016

32º Aniversario de la Fundación del Movimiento Panafricanista de España 1986-2017 PREFACIO Acabar con el Mto. negro -cimarrón - ha sido un objetivo de todos los gobiernos anteriores y posteriores a la democracia en España. Sin embargo, tras 40 años  el MPE,  es hoy la única organización Negra activa en España, nacida en Madrid durante la transición. La verdadera razón de que el Mto. Negro siga  subsistiendo, no esta en su gran cobertura social, sino en su estrategia política, con sus raíces en la experiencia afro de los 70-80.   El  Movimiento-Panafricanista es un espacio  político sociocultural cuya filosofía  se dedica a la búsqueda de la agencia africana-en todas las áreas y sectores de la sociedad. E termino panafricanista   se usa para hacer referencia a los partidos u organizaciones de ideología nacionalista revolucionario negra de la línea garveyistas y afrocentrada, que a su vez son de cimarrones o revolucionarios, sea en forma de comunismo, socialismo o socia

Editorial Dime como hablas y te diré quien eres, qué defiendes y a quien representas. Síntesis del revisionismo lingüístico de la élite negra Mbolo Etofili

  Crisis de la élite negra # 34 Editorial    Dime como hablas y te diré quien eres, qué defiendes y a quien representas.                              Síntesis del  revisionismo lingüístico de la élite negra                          Mbolo Etofili "La negra Mati llegó de "United States" con su vídeo cómico con mucha dinga y mandinga de la nación puertorriqueña y valor educativo para las víctimas del profundo complejo de inferioridad lingüística. ️ L as tendencias hegemónicas de la modernidad llevan a las elites negras del mundo  contemporáneo a homologar un lenguaje falso y falseado con el que en ultima instancia pretenden someter el Garveyismo. Es un lenguaje por tanto una lógica profundamente colonial que les aleja del palenque, de Haití y por tanto de Africa. Fanon fue muy claro en esto. Solo venceremos si identificamos estos discursos que pretenden imponerse en nuestras familias y comunidades negras.   Solo venceremos esta batalla de las ideas por la narrativa, reinte